Em Sessão Magna realizada em 11 de agosto de 2022, tomaram posse como Sócios Acadêmicos do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal os professores e Historiadores Léa Maria Carrer Iamashita e José Inaldo Chaves Júnior, respectivamente nas cadeiras números 65 — patrono Sérgio Buarque de Holanda e 119 – Patrono Max Fleius. Os empossandos foram saudados pela acadêmica Albene Miriam Menezes Klemi.

A historiadora e professora Léa Carrer em seu discurso recordou o seu primeiro contato com o historiador Sérgio Buarque de Holanda: Muito honrou-me saber que ocuparia a cadeira cujo patrono é Sérgio Buarque de Holanda. Veio-me à mente uma memória afetiva; porque o primeiro contato com a obra do grande historiador foi por meio de um livro didático da 5ª série, de sua autoria, chamado “História do Brasil”.

Lembrei-me que, aos 11 anos, fiquei fascinada ao saber que teria uma professora de história com formação na área, e que nos disse: este livro no qual vamos estudar é de um grande historiador, profundo estudioso da História Brasileira.

Foi quando começou minha admiração por Sérgio Buarque de Holanda, um dos principais intelectuais brasileiros do século XX, que cultivou grande erudição em ciências humanas, literatura e artes. Foi um diligente pesquisador de arquivo, um pensador ousado e original.

E, ainda, discorreu sobre a relevância das obras de Buarque, das suas reflexões sobre a trajetória histórica e política do Brasil, das ideias a respeito do desenvolvimento e da modernização do país.

E, finalizou: Tomando o patrono de nossa cadeira como inspiração, também buscamos em nossas pesquisas científicas e no magistério desmontar as construções sociais que naturalizam a desigualdade social do Brasil. Nossa desigualdade não é fruto da natureza, mas da cultura. De uma cultura política autoritária, que ainda persiste em hierarquizar a sociedade em cidadãos de primeira e de segunda grandeza. Tal como nosso patrono, servimos à História para deslegitimar a visão de “mundo injusto” como fato natural, e para construir a cultura de direitos e de justiça social.

Já o professor e historiador José Inaldo destacou a importância de sua posse no Instituto. “Integrar o quadro social do IHGDF, na condição de sócio acadêmico, é uma incalculável honra e um desafio para a qual desejo, enfaticamente, estar à altura”.

Em exaltação ao seu patrono citou que: Fleiuss foi membro de inúmeras agremiações científicas na América e na Europa e sócio-correspondente de todos os institutos históricos e geográficos do Brasil. Ingressou para os quadros do IHGB em agosto de 1900 e já em 1907 foi declarado seu Secretário Perpétuo por reconhecimento de seu compromisso e lealdade institucionais e, principalmente, pelo sólido trabalho em prol da historiografia brasileira de seu tempo, formada por uma incrível geração da qual fizeram parte nomes como João Capistrano de Abreu e José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco e presidente do IHGB.

E, também, ressaltou a sua relevância como historiador: “Em uma época de grande efervescência política e cultural, marcada por rupturas relativas com o passado colonial e imperial, como o fim da escravidão, e por mudanças recentes nas formas de governo e de estado e no próprio regime político do país, Max Fleiuss foi um historiador conectado com as questões de seu tempo e, por meio de uma extensa obra que contou com mais de 50 títulos, refletiu sobre a história do Brasil e sobre os impasses que a cercavam.”

E, por fim, ressaltou que a obra de Fleiuss reveste-se, sim, de grande potencial e originalidade e deve, a meu ver, inspirar mais estudos acerca de seu potencial interpretativo, do ambiente intelectual modernista no qual foi escrita e de sua influência para as culturas historiográficas posteriores.

A acadêmica e professora Albene Menezes Klemi, que saudou os novos associados em trecho de seu discursos assim falou: “ao saudar nossa nova confreira Léa e nosso novo confrade José Inaldo, consignamos a crença que vocês trarão para nossa associação a dinâmica do ofício do historiador que reflete sobre os projetos e interesses do passado e dão-se como tarefa, como proposto por Pacheco de Oliveira, quebrar paradigmas historiográficos desassociados da realidade e delinear interpretações calcadas nas fontes levantadas em  pesquisas e leituras que levem a um melhor conhecimento do passado para possibilitar um melhor entendimento do presente. E dessa forma, colaborar na identificação dos cenários possíveis para o processo de alargamento e consolidação da nossa democracia.”